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onde rugem os leões

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Tanto tempo passou, tudo mudou, e meu coração aqui ficou. Parado naquele dia em que sentados no banco de pedra sob a luz do luar e cercados de roseiras, você decidiu me conhecer de novo. Eu lembro bem porque foi absolutamente desnorteante. Foi o momento em que eu decidi com todo o meu ser com o que eu queria alimentar a minha alma, e uma energia que eu nunca havia sentido antes tomou conta de mim da cabeça aos pés. É interessante agora perceber que apenas aconteceu de você querer o mesmo que eu também. Foi assim até eu perder a consciência e meu coração ter virado um buraco negro, um vazio existencial em que a energia não fluia. E então não havia mais nada em mim que você pudesse querer.

É um pouco engraçado estar aqui novamente, sem você – veja bem, não sozinha. Não tive um momento de iluminação, não fui atingida por nenhum raio como da última vez. Mas senti a energia que se aproximava de mim de mansinho, sendo pouco a pouco absorvida pelo meu espírito despedaçado, e soube que tomava a direção certa. A angústia que apertava meu peito foi levada pelo vento noturno e eu renasci ao respirar aquele ar sereno, livre do seu veneno.

Não entenda errado. Continuo absoluta completamente embriagada pelo seu amor – e pelas consideráveis taças de vinho responsáveis por estas palavras; mas de alguma forma os meus sentimentos por você transcenderam. Transbordaram de mim e não me pertencem mais, como eu sempre soube que aconteceria. Te disse tantas vezes, de diferentes maneiras, que o que sinto por você era tão forte, maior do que eu mesma, e que eu não resistiria a tamanha emoção. E é este tanto te querer e não ter que me dói, destrói, danifica o meu ser.

É só o tanto te querer bem que me dá esperanças de curar e reconstruir. Parece que meu amor por você se transformou nesta energia, livre de gravidade, que irá iluminá-lo aonde o seu espírito livre o levar. Eu só desejo, não tão secretamente, como tímida uma vez eu te confessei, que entre as voltas que o mundo der nossas almas se encontrem, se unam a terra, se amem infinitamente como sendo uma parte do todo que nos movimenta. Até lá vou nutrir este espírito que anseia por viver profundamente e sugar a essência da vida, como você ensinou.

Não consigo deixar de pensar que nós deveríamos ter ido para lua quando tivemos a chance. Se você encontrar um caminho, venha me buscar. Ou fique sabendo que de qualquer jeito eu vou te procurar: aos vinte e seis, em dois mil e vinte, assim que ou quando der. E talvez seja bom você saber também que muito provavelmente esta serenidade alcoólica terá passado quando acordar, e eu volte a querer te matar.

Mas espera, espera que eu ainda chego lá. Quem sabe amanhã, aos trinta, ou em outra vida; quando formos gatos. Miaremos para a lua, eternamente nossa, em busca da chama do amor perdido. E talvez um dia nossas almas apaixonadas o encontre, guardado naquele lugar onde rugem os leões.

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