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essa noite eu tive um sonho

rain

como tantos sonhos tivemos, e um pouco parecido com realidade. aquela realidade em que eu era a sua garota, andávamos de mãos dadas e você também tinha sonhos comigo. eu tinha a melhor bala da cidade, podia te ligar rindo, ou chorando, ou para nada, e nós falávamos sobre as cores das coisas. era uma realidade em que todas as loucuras de amor eram normais, cartas nunca eram demais e as surpresas, bem vindas.

as músicas… ah, a música! eram todas suas, cada acorde um toque irresistível a aquecer meu coração e alcançar a minha alma. o ar era impregnado com o perfume da baunilha, o cheiro do vinho, a sensualidade do incenso. havia carinho, ternura, chocolate. havia tantos sentimentos, às vezes você me precisava me salvar deles – ou eu deixava a gente acreditar que assim era, porque seria mais romântico.

e tanto romance. beijos, mordidas, abraços. bom dia, bom almoço, boa tarde, bom apetite, boa sorte, bom ensaio, boa noite, boa viagem. boa viagem, boa viagem. “volte“, eu dizia entre lágimas. eu sabia que não precisava, você sempre retornava. até que afogada pela angústia, eu não disse. e talvez você devesse saber que o meu silêncio significava um “não vá” preso na garganta, pois era quando eu mais precisava de você.

eu te amava. eu te amava. eu te amava; eu te amo.

mas como você poderia saber, não é mesmo?

gostaria que você não tivesse duvidado, nem mesmo por um instante.

Você também me amava… então, que direito tinha você de me abandonar? Por que me despreza? Por que traiu seu coração? Se nem miséria, nem degradação, nem morte, nem nada do que Deus ou Satã poderiam infligir-nos poderia separar-nos… Só você, pela sua própria vontade. Se eu quero continuar vivendo? Que espécie de vida… oh, meus Deus! Você gostaria de continuar a viver, com a sua alma na sepultura?

– Heatchfliff, em O Morro dos Ventos Uivantes.

as imagens e as palavras começaram a rodar, a rodar..

então eu acordei.

chovia, e eu estava sozinha.

aquela nossa realidade estava tão distante quanto um sonho para sempre esquecido. e esta minha realidade chuvosa nada possuia de música ou poesia, era repleta apenas de sufocantes perguntas e infinitas reticências…

Grateful Dead – Box of Rain

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